Chez Michou completa 33 anos de sucesso em Armação dos Búzios

Nem mesmo o proprietário argentino Mario Fernández, sabe explicar o sucesso da creperia. Revela apenas que a criação do estabelecimento, em 1983, foi modesta, assim como tudo em Búzios naquela época.

Há 33 anos, um pequeno empreendimento era inaugurado em uma rua comum de Armação dos Búzios, na época, uma pacata aldeia de pescadores. Meio sem querer, nascia alí uma alquimia perfeita, e desde então, tanto a creperia Chez Michou quanto a Rua das Pedras teriam suas trajetórias entrelaçadas e impulsionadas, mudando o perfil do balneário e consolidando Búzios no cenário turístico mundial.

O argentino Mario Fernández, de 60 anos, proprietário do Chez Michou, revela que a criação do estabelecimento, em 1983, foi modesta, assim como tudo em Búzios naquela época. Ele e um grupo de sócios teriam aproveitado o talento pessoal de cada um para criar a creperia, mas sem a mínima noção de que o pequeno comércio se tornaria uma marca internacional e referência para quem quer aliar lazer, bom atendimento e um cardápio exclusivo.

Em 1983, conheci meus sócios em um barzinho e montamos a primeira loja do Chez Michou aqui ao lado, próximo a igreja da Rua das Pedras. Em 1986, passamos para o ponto atual, e desde então as coisas foram crescendo de forma gradativa. Na época, éramos o primeiro comércio da Rua das Pedras. Foi uma aposta. Temos franquia no Rio, Cabo Frio e Brasília, mas a loja de Búzios é a nossa queridinha. Nós nascemos e crescemos aqui, junto com Armação dos Búzios, por isso esse carinho todo especial – detalhou Mario.


MAIS BUZIANO QUE MUITO BUZIANO

Bem-humorado, o argentino afirmou ser mais buziano que muito buziano, e revelou ter participado ativamente dos movimentos de emancipação, criação de associação de comerciantes, rede hoteleira, prefeitura, secretaria de turismo, entre outros.

Sou mais buziano que muito buziano, pois estou aqui por escolha, não por obrigação. Creio que vou ficar em Búzios até o resto da minha vida. Quando cheguei aqui em 1983, conheci minha ex-esposa, com a qual convivi 20 anos e tive uma filha. Ela é belga, e a mãe dela, a Michou, é francesa. Tive experiências com gastronomia na Argentina e, inclusive, já havia trabalhado com crepes. Foi daí que tivemos a ideia de fazer do nosso comércio um mix de culturas. Búzios não tinha nenhum lugar que fosse referência, um ponto de encontro. Aliás, a cidade não tinha absolutamente nada. Fomos os primeiros na Rua das Pedras. Virávamos a madrugada, fechávamos às 8h, 9h da manhã, e essa movimentação criada pelo Chez Michou foi atraindo os comerciantes, e o fluxo de pessoas acabou girando ao nosso redor – revelou Mario Fernández, que contou outros detalhes da época:

Entre 1986 e 1988 as coisas começaram a crescer de forma muito intensa. Em 1983, a Rua das Pedras era aberta ao trânsito de veículos e as ruas da cidade eram todas de terra. O acesso para as praias era muito ruim e a energia elétrica caia toda hora. Não tínhamos correio, escola, maternidade e ônibus com horários irregulares. Pessoalmente, até preferia aquela época. No entanto, não posso reclamar, pois de certa forma sou responsável por essa gente toda ter vindo para cá e a Rua das Pedras ter se tornado referência em Búzios. Em 1985, na época do Rock in Rio, o Queen passou por aqui, assim como Rod Stewart. Madonna, Pelé, Xuxa, Ayrton Senna, Mallu Mader, entre outros, também freqüentavam o Chez Michou no final dos anos 80 e início da década de 90. Muita gente famosa continua frequentando o local, mas como a badalação é muito grande, a frequência das visitas diminuiu – explicou.

Após mais de três décadas, o Chez Michou se consolidou como um clássico. E qual seria a fórmula do sucesso encontrada por Mario?

As pessoas perguntam: qual o segredo do sucesso?e eu não sei como responder. Tem coisas que não tem explicação. A gente até pode analisar de uma maneira ou de outra, mas não existe uma fórmula. Muita gente quer imitar. Nós mesmos já tentamos reproduzir o Chez Michou da Rua das Pedras em outros lugares do Brasil e do mundo e simplesmente não deu certo. É um modelo que nasceu na hora certa e no lugar certo. Sem nenhuma explicação lógica, nos tornamos referência em Búzios – disse.


EMPREENDEDOR NO RAMO DA COMUNICAÇÃO

A gente teve uma rádio comunitária há 20 anos, na época da emancipação. Montamos a rádio com um cara do Rio, e achávamos que tudo estava regularizado, mas acabamos presos. A polícia alegou que a rádio era clandestina. Tivemos um prejuízo financeiro, mas ficou provado que não tínhamos agido de má fé. No entanto, mesmo com a experiência negativa, não tirei a ideia da cabeça. Recentemente, conseguimos uma rádio comunitária, que tem feito bastante sucesso, e estamos com a Estação 104. Trabalhar com comunicação é apaixonante. Temos satisfação em divulgar as coisas boas da cidade. Não é lucrativo, mas é divertindo. No final das contas, a rádio acaba nos abrindo outras portas – finalizou.


Fonte: rc24h



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